Condução

Em breve em algum momento
não tão distante, sairei de cena,
para uma dimensão que pretendo
seja ainda mais plena . . .

Esperando ter feito
tudo o que me propus
na interna direção
que de dentro me conduz,
sempre que possível
por mais que pareça incrível
na direção da serena luz . . .

Que por vezes nos queima
enquanto em nós reluz
iluminando a cotidiana senda
à qual estou sujeito e a que já faço jus.

Irei sem titubeio e sem pena
deixando para trás o que já não acena
na direção em que a vida me induz.

Para que a Alma não permaneça pequena,
e possa seguir sua sina,
na evolução que por vezes desatina
enquanto me reduz
ao meu próprio e verdadeiro tamanho,
sem a ilusão de fazer parte do rebanho.

Seguindo a direção do destino
ao qual o Alto me dirige
deixando de lado o desatino
pois ele de nós, em geral, só exige,
a Luz que conseguimos conduzir . . .

SRB - 30/03/2016

Alijação

Alijado em meio à multidão
exilado na própria dimensão
enquanto realizo e exergásia
de minha exegese,
no exergo que a existência
a mim outorga na exinanição
em que me exile
como um exilarca,
fora de época,
na exerdação em que
me coloca
por querer ser eu
exíminio em minha proposta
tendo a exerese da vida
como a melhor resposta.


SRB - 29/03/2016

Entrega

É chegar ao nada que
bem la dentro de ti existe
é fazer parar a parte interna
que inutilmente ainda resiste.
É dar vazão à outra porção
que teimosamente ainda insiste . . .

É deixar de lutar
com o que não está presente
é aceitar tudo aquilo,
que intuitivamente pressentes
é  desviar-se ficando de lado
do que ainda, erroneamente, te ressentes.

É suportar e compreender
a inevitável entrega,
à força invisível
que dentro de ti sutilmente carregas . . .
É perceber a onisciência
em que inadvertidamente navegas.

É sentir e assumir sem surpresa
a energia que há na sua própria natureza
que da vida transborda
para poder seguir em frente
sem esticar demais a ordinária corda.

A mesma que arrebenta
sempre do lado mais fraco
que é sempre o mesmo
que te leva de volta ao velho buraco
revelando sempre, o quanto precisas crescer,
para deixar de ser bruaco . . .

É perder o infantil receio
de saltar o necessário vão,
aquele que em geral,
está sempre na contramão
abandonando de fato a manada
na divergente direção.

É exercitar de verdade a ínfima fé
que à alma calibra
e que controla a maré,
não mais permitindo à vida
perder a excelsa calma
e andar mais uma vez de ré.

É sentir a força existente na aparente fraqueza
é não mais iludir-se, em fazer parte da reles nobreza.
é limpar-se finalmente da contaminante torpeza
de acahar-se estar acima da própria e divina natureza
que a todos nivela, sem a inútil distinção
de se achares melhor que o seu irmão.

Segue então em frente
na derradeira entrega,
da qual não há fuga possível,
assumindo de vez teu lado invisível
e revela de uma vez,
o que o céu a ti refrega.

Aceito o teu inexorável destino
abandonando de vez
o insensato desatino . . .
usando a luz que do Alto surge
não mais se importando com o inimigo
que a teu lado ilusoriamente ruge.

Ri então da própria desgraça
enquanto a vida de verdade
por ti mais uma vez perpassa
e vai com ela cumprindo a missão,
deixando de lado a submissa omissão.

Essa, enfim, é a entrega
daquele que a si, dentro de si, percebe
o infinito que a vida insistentemente persegue
para levar-te finalmente ao encontro de ti mesmo . . .

SRB - 29/03/ 2016

Ausencialidade

Na busca de um Eu não presumível
perdi-me no horizonte em que me encontro
encontrei-me em meio ao desencontro
na inércia em que a existência me coloca
pois a realidade, essa, já não mais me choca . . .


Singrei as dimensões da própria vida
pois já não sentia mais a divina calma
diluída em meio a intempérie
que nessa hora desaba em minha alma.

Roguei aos céus pela celeste clemência
mas só ouvi o silêncio a ensurdecer-me
no ritmo em que balanço minha demência
pois diante do abismo
só nos resta mesmo ter paciência . . .

Percebi então, ainda mais absorto,
que a vida só não testa
aquele que já está morto
pois e assim que ela atesta,
não importando mais o desconforto,
se estás apto a adentrar a festa.

Aceita então o reles caminho
em que te insere a bendita existência
pois a vida que te habita em teu próprio ninho
nada mais é que a áurea resiliência
de fazer o seu melhor onde estiveres
deixando de lado a inconsciência
pois ao fim, tudo o que te sobra,
é a sua simples e eterna essência.

Não mais se atreva a questionar
aquele que do alto está a tudo a observar,
arreda-te das sombras e do fel
se queres de fato provar o divino mel
pois só os que passam pelo rude amargar
podem enfim, alcançar o seu próprio céu . . .

SRB - 28/03/2016 - ‪#‎maispróximoquearespiração‬

Realidade

Aproveite o que momento enseja
permitindo que ele simplesmente seja,
para que você, nele de fato esteja,
presente ao instante do agora
para que a vida de verdade
não se perca na demora
pois o viver realmente
é sempre na hora.

SRB - 23/03/2016

Homenagem

Esta é uma breve homenagem 
aos pobres de espírito, 
que se disfarçam de gente, 
de caráter reles, indigente, 
a rastejar pelo mundo.

É gente a quem falta o caráter,
para poder elevar-se
não conseguindo alegrar-se
com a ordinária bagagem
que trazem dentro de si.

São levianos e falsos
em seu ignóbil viver
pois sua vida de bosta
não os deixa antever,
que o mal que ao outros fazem
os leva na infinita viagem
ao inferno do próprio ser.

Merecem a pena que se deve ter 
aos decadentes da alma
pois são eles que trazem 
dentro da própria vida sem calma
a podridão de seu ser.

É preciso que os abandonemos
no estreito trilho em que habitam
para que não nos contaminemos
com a purulência em que litigam
lutando com o próprio e deformado reflexo
em que sempre se iludem,
entregues ao mal que aos outros fazem
não percebendo a pérfida miragem
que o medo os faz crer
e que usam na insana viagem
em direção de seu lamentável existir.

SRB - 24/03/2016

Inexistência

É quando a vida corre em paralelo
moldando a existência qual fosse um cutelo,
aparando o que é preciso,
até que fique mais belo
moldando a estrutura que te dá forma,
para evitar que o agora te atinja
como se fosse um martelo.

Na incessante construção de si mesmo
necessário se faz que acredite,
na força que te impulsiona
e também a tudo que existe,
pois a vida é muito mais que um chiste
que insistimos em fazer
enquanto o tempo passa
e a tudo perpassa,
abrangendo até o que embaça
e que deixa a vida sem graça.

E na inexistência
em que cultivas a ilusão,
não faz mais diferença
qual é a situação,
posto que dela, enfim,
não fazes mais questão,
pois o Alto a tudo assiste
em qualquer ocasião.

Fazendo valer a divina justiça
a mesma que sempre a tudo atiça
fazendo valer a verdadeira premissa
repetindo mais uma vez o antigo bordão . . .

Por isso siga firme e em frente
é chegada a hora de voltares à torrente
não mais levando a vida
de forma inexistente.

SRB  - 21/03/2016

Pintura

Olhava o horizonte
distraída
perdia-se no olhar
agradecida
lembrava-se de amores
enrubecida
deixava-se levar por uma lembrança
esmaecida
revivia cada momento
ensandecida
pois pela distância encontrava-se
esquecida,
mas o amor, ah, o amor,
esse dentro dela ainda estava  
pois com ele é que pintava
a sua aquarela de emoções.


SRB - 16/03/2016

Consecução

É chegar a termo naquilo,
que afinal, a vida te propôs,
não deixando , como sempre,
nada para depois . . .

Realizando o que aqui veio fazer,
mostrando que a existência
não é uma área de lazer.

É externar em sua alma
toda a rebeldia,
de buscar a luz
todo santo dia . . .

É não perder mais seu tempo
com aquilo que não contagia,
o supérfluo e ordinário
que deixa a vida ainda mais vazia.

É buscar estar sempre
em si mesmo presente,
é não mais deixar
o espírito indigente
é acreditar que no fundo
somos apenas gente . . .

É não mais estar
preso na corrente
embora estando
ainda na torrente,
mas em outra direção,
buscando encontrar
a sublime dimensão
na quimérica estrada da evolução . . .

Mas se  olharmos bem
Veremos que a vida tem
um sútil e simples segredo
para que não tentes
fazer dela um mero brinquedo
com o qual teces as fantasias
das suas renúncias e apostasias.

Até entender de fato
que ela é somente
um auto-retrato,
um reflexo, um viés imediato,
um capricho entrecortado
para que entendamos de vez
repetindo novamente a mensagem
é preciso que abandonem a própria miragem
para encontrarem a si mesmos
dentro de si . . .

SRB -  14 / 03 / 2016

Insight

É perceber o que ocorre através do movimento
é conseguir ouvir a voz além do pensamento
é estar presente ao exato e intrínseco momento,
em que passa a brisa do sentimento
para absorver o divino entendimento.

É enxergar a claridade
no intrépido instante
quando a sua sensibilidade
o espírito livre capta
na fugaz centelha equidistante
quando por ela você opta
para que mostre a solução
abrindo o caminho na escuridão

Pois as trilhas em que a alma bordeja,
são para ver de perto a vida e toda sua realeza,
para que um dia qualquer ela também seja,
não mais apenas uma faísca benfazeja
mas que brilhe o suficiente  para fazer parte da luz . . . 

SRB - 10/03/2016