segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Nó górdio





A vida por si só entrelaça
Os fios da existência por onde passa
Por vezes redundando em sua passagem
Para ver se reconheces a ímpia miragem
Nos novelos em que te envolve
Nos fatos e circunstâncias que depois, então, devolve.

Para que passes a perceber como fica
A realidade que mesmo sem querer replica
O que ainda precisas viver
Para que ao fim, entenda o que fazer.

Pois quanto mais a corda em si estica
Mais ainda a ela se complica
Em sua ânsia de querer e muito fazer,
Esquecendo que dela, o simples segredo é viver. . .

Pois na hora em que o nó aperta
É preciso estar ainda mais deverasmente alerta
Acompanhando a sutil sincronia
Para poder ouvir a sublime sinfonia
Deixando fluir em si a energia
Para absorver a luz e a euforia.

Na busca da sábia simplicidade
Da justa solução e equanimidade
Aprendendo a sagaz e implícita lição
Libertando-se, enfim, da repetição.

Das mesmas questões e tarefas
Mudando mais uma vez a direção
Por outras ainda mais retas
Para enxergar a simples saída
Que ironicamente já não vias
Pois a existência assim distraída
Não te deixava perceber até então.

Mas agora, com a humilde visão,
Observes atentamente ao refrão
Para que mudes o tom da música
E o seu íntimo bordão.

Desatando por fim o relutante nó
Que o prendia até então
Ampliando a escala da vida
Nesta ou em outra dimensão.

SRB - 01/08/2016