domingo, 24 de abril de 2016

Miragens




No deserto em que por vezes nos perdemos
e em que não raro, de certo modo, nem sabemos,
caminhamos a esmo a procura da verdadeira fonte
que dentro de nós existe, lançando o olhar no horizonte
que prematuramente ainda não percebemos.

E com duvidosos passos claudicamos sem chão
atrás das diáfanas miragens que criamos,
sutilmente e sempre em vão,
indo decerto novamente na via de contramão.
em busca mais uma vez da inútil ilusão . . . 

Que dentro de nós desde há muito habita
enquanto vagamos à esmo,
ecoando fundo na alma que grita
sendo o motivo de novo o mesmo.

De estar aprisionado, enfim, nesta dimensão
preso ao tempo e ao espaço,
de não encontrar no agora oásis ou regaço,
repetindo sempre, até aprender, o mesmo passo.
que marca dentro de si e na memória
o velho e repetido compasso
tentando mudar a interna trajetória
para sair finalmente do pretérito laço . . . 

Tendo no corpo o templo e a prisão
sendo ele a imagem do divino grilhão
que ao espírito abarca, imprimindo 
na fronte a indelével marca 
de sua infinita repetição.

Percebendo por fim a interna miragem
poderás fazer dela a mística passagem
para que assim finde a eterna viagem
deixando de carregar a errônea bagagem
que atrasa e ludibria aquele que está só de passagem . . . 

E ao perceberdes por fim
aonde te leva o derradeiro caminho
aprende a reconhecer o excelso mapa
pois do deserto interior dificilmente se escapa
senão guardamos dentro de nós a lição que encapa
o livro que escrevemos enquanto vivemos
rabiscando nossa história enquanto acontecemos
imprimindo na vida o que somos mas que  quase sempre nos esquecemos . . . 

SRB - 24/04/2016

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