terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Consubstanciação




É quando ainda mais fundo vamos
para enfrentar aquilo com o que nos defrontamos,
na estreita dimensão de nós mesmos
em que ainda porventura estamos.

Alcançando ainda mais profundidade
na incursão na realidade,
na ilusão da existencialidade
consolidando assim o aprendizado,
da liberdade do inusitado,
seja aqui ou do outro lado . . .

Galgando camadas mais espessas
para que , enfim,  meças
as atitudes às avessas
que porventura ainda esboças.

Para que o porvir possa ser diferente
é  preciso persistir
naquilo que ainda és resistente,
permanecendo cada vez mais no presente,
atento ao instante que nunca está ausente
para perceber a torrente
sem se deixar arrastar por ela . . .

SRB - 16/01/2018




sábado, 13 de janeiro de 2018

Cheiro de terra molhada






É cheiro de terra revigorada
de conversa na calçada,
ou de uma janela debruçada
enquanto olha a vida passar apressada
e ao largo do convívio da moçada.

É cheiro de casa da avó,
quando bate o temporal lavando tudo, 
para depois voltar ao normal.

É o cheiro do tempo de antanho
diferente deste de hoje, tão estranho,
quando o cheiro de bolo e café
era motivo de alegria,
o doce de banana era aquela euforia,
e o manjar de coco aquela orgia.

Do tempo em que era comum brincar na rua
e não se colocavam grades nas calçadas
que eram tuas . . . 
Cada um torcia para um time, cada um na sua.

Cheiro de terra molhada
que a cidade não tem,
impessoal e concretada
não reconhece ninguém.

Por isso aproveite o cheiro de terra molhada
pois é o sentimento que dá  sentido à jornada
deixando assim a alma lavada,
enquanto a chuva cai deixando o cheiro
de terra molhada . . . 

SRB - 13/01/2017


sábado, 6 de janeiro de 2018

Segundo


Nenhum texto alternativo automático disponível.





 

É o instante em que és consciente,
do revés de ter de estar presente,
constantemente em si mesmo
e fora da mente . . .

E a fração da eternidade
captada no alento,
através do constante e perene movimento,
em que a vibrante energia circula,
nas sutis vibrações do momento
que nunca precisa de bula.

Pois esta é a conexão do agora
Espaço-tempo existente a toda hora,
sempre mais próximo que a respiração.

SRB - 06/01/2018



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Eshu Encarnado






Laroiê é a sua saudação
Daquele que aqui vem como nobre irmão,
Ajudar aos desamparados
Que se acham superiores,
Pois ainda não sabem quem são.
É o Orixá da magia e da limpeza,
Que lida com a humana fraqueza
Intermediando a mais triste torpeza,
Atento a mais reles esperteza
Na mais comum e baixa esfera,
Que somos nós,
Vagantes desta dimensão, encarnados,
Ainda desenganados,
Devedores de outra era.
É o Orixá da mudança
Senhor da intemperança,
A equilibrar os desejos de vingança
De almas já sem esperança.
E segue a liderar a falange de Eguns,
Que são os humanos, sempre,
Os mais comuns,
Que vagam na meia luz
Em busca de sua bonança.
É o mensageiro do Alto
A ensejar a evolução da humanidade,
Varrendo seu lixo,
Por mera caridade,
Seguindo a doutrina de Zambi, sempre,
Sua Majestade.
É ele que conhece o íntimo segredo
Do mais ínfimo apego,
Contaminando-se com as ditas pessoas
Descendo até aqui, numa boa,
Mantendo ainda assim a luz de sua coroa,
Que é sempre mal entendida,
E não é à toa.
É ele que limpa o mundo de toda a maldade,
A mágoa do submundo,
Que é a humana vaidade,
Que cada um de nós, por fealdade,
Traz dentro de si.
SRB – 11/05/2013






quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Singularidade




É o instante que raramente é percebido
na frequência em que ocorre
a cada momento em que decorre,
na fração do espaço-tempo pelo qual escorre . . . 

É o salto na direção da eternidade
perpetuando-se em sua singularidade,
na banalidade de sua encoberta realidade.

A mesma que quase sempre 
em um segundo transforma
a medida em que transgredimos
a ilusória norma,
mudando a aparência da pseudo-forma
na dimensão interna do ser . . . 

SRB - 04/01/2017