No deserto em que por vezes nos perdemos
e em que não raro, de certo modo, nem sabemos,
caminhamos a esmo a procura da verdadeira fonte
que dentro de nós existe, lançando o olhar no horizonte
que prematuramente ainda não percebemos.
E com duvidosos passos claudicamos sem chão
atrás das diáfanas miragens que criamos,
sutilmente e sempre em vão,
indo decerto novamente na via de contramão.
em busca mais uma vez da inútil ilusão . . .
Que dentro de nós desde há muito habita
enquanto vagamos à esmo,
ecoando fundo na alma que grita
sendo o motivo de novo o mesmo.
De estar aprisionado, enfim, nesta dimensão
preso ao tempo e ao espaço,
de não encontrar no agora oásis ou regaço,
repetindo sempre, até aprender, o mesmo passo.
que marca dentro de si e na memória
o velho e repetido compasso
tentando mudar a interna trajetória
para sair finalmente do pretérito laço . . .
Tendo no corpo o templo e a prisão
sendo ele a imagem do divino grilhão
que ao espírito abarca, imprimindo
na fronte a indelével marca
de sua infinita repetição.
Percebendo por fim a interna miragem
poderás fazer dela a mística passagem
para que assim finde a eterna viagem
deixando de carregar a errônea bagagem
que atrasa e ludibria aquele que está só de passagem . . .
E ao perceberdes por fim
aonde te leva o derradeiro caminho
aprende a reconhecer o excelso mapa
pois do deserto interior dificilmente se escapa
senão guardamos dentro de nós a lição que encapa
o livro que escrevemos enquanto vivemos
rabiscando nossa história enquanto acontecemos
imprimindo na vida o que somos mas que quase sempre nos esquecemos . . .
SRB - 24/04/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário e divulgue para os amigos !!!