A TRIBUNA
Mudanças na produção do Comperj assustam municípios
Publicado em: 07/09/2010
Texto: Liliandayse Marinho/Pamela Araujo
A preocupação com o que poderá acontecer aos municípios do Leste Fluminense, caso a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em Itaboraí, venha acompanhada de falta de infraestrutura básica, andando lado a lado com o crescimento populacional previsto para a região, voltou a preocupar prefeitos e entidades da região. Eles foram surpreendidos com um comunicado, sem uma prévia discussão por parte da Petrobras, de que, ao invés dos 165 mil barris diários, serão produzidos 330 mil barris ao dia, além de o complexo refinar gasolina e querosene de aviação. Para o ambientalista Mário Moscatelli, qualquer empreendimento gera impactos, principalmente os petroquímicos e portanto o Comperj precisa ser feito com responsabilidade.Texto: Liliandayse Marinho/Pamela Araujo
O anúncio feito pela estatal, traz à tona novamente o receio de autoridades, sociedade civil e ambientalistas, entre outros, sobre o impacto desastroso que um crescimento desordenado pode provocar nesses municípios, cuja retrospectiva A TRIBUNA vem relatando desde a última semana com a série Petróleo: Riqueza x Meio Ambiente. Os municípios, que desde o início das obras do Comperj buscam chegar a um consenso, tentando realizar diagnósticos que definam sua vocação e apontem quais as suas necessidades principais em termos de infraestrutura para não se transformarem em bolsões de pobreza, mais uma vez terão que reformular todo o seu diagnóstico para se adequarem ao grande boom populacional que irá recair sobre eles. É o que analisa o jornalista Willian de Oliveira, hoje um especialista em Conleste (Consórcio Intermunicipal do Leste Fluminense), a região que reúne as cidades que receberão impactos e ou interferências do Comperj.
Ele que acompanha o passo a passo do complexo desde o seu nascimento é de opinião que as novas alterações feitas pela estatal caíram como uma espécie de bomba em cima de prefeitos, pois estes já haviam pesquisado as principais alterações que seus municípios sofreriam para se adequarem na tentativa de evitar impactos desastrosos.
“O próprio presidente do Conleste, o Carlinhos Pereira, já vem confirmando que os prefeitos não foram consultados para nada e todo o planejamento feito terá que ser revisto. Hoje a principal preocupação vem sendo com relação a medidas como essa que como diz o próprio prefeito de Tanguá, vem de cima para baixo, sem uma discussão, e que eles esperam a ajuda da Petrobras. Realmente existe o medo de que os municípios se transformem em bolsões de pobreza, além do que não se falava antes em refino de Querosene, por exemplo, uma atividade mais poluidora ainda”, avaliou Willian.
O jornalista lembrou que antes mesmo do anúncio sobre o aumento na produção de barris, o assunto Comperj, se por um lado é bom, pelo crescimento econômico e geração de renda entre outras melhorias, por outro já é considerado como um grande problema para os municípios da região. Especulação imobiliária, migração sem o devido acompanhamento, questões cruciais como Transporte sem solução e Água tratada e Esgoto são questões comuns em todas as cidades do entorno do Comperj, lembrou.
“O Conleste continua buscando solução junto a Petrobras para a elaboração de um Plano Diretor Regional e é o que eles precisam fazer mesmo. Os municípios precisam ter total respaldo para a implementação de projetos para água, transporte, segurança, saneamento e qualificação de mão de obra sim. Com esse anúncio, a Petrobras agora, duplica os problemas. Além de matérias-primas para a indústria de plásticos e também combustível, pegou todos de surpresa, ao informar que vai refinar gasolina e querosene para aviação. São quase duas refinarias em uma e uma super mega infraestrutura no entorno. Tem que ser muito bem repensado e planejado, inclusive nas preocupações ambientais, senão se torna perigoso”, diz Willian.
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